sexta-feira, 23 de abril de 2010

Gêneros musicais precedentes

A habanera, (ou havaneira em algumas traduções), é uma dança e gênero musical que surgiu na ilha cubana, particularmente em sua capital Havana. Ela foi um dos primeiros ritmos afro-latino-americanos. Passou por transformações em sua estrutura ocasionados por arranjos e interpretações que os músicos da Europa realizaram, e durante esse processo de mudança voltou as Américas pelos imigrantes ibéricos. “É uma música de compasso binário, com o primeiro tempo fortemente acentuado, com uma curta introdução seguida de duas partes de oito compassos cada uma, com modulação do tom crescente”. “Da habanera derivam diversos ritmos como o maxixe brasileiro e o tango argentino. Também deu origem ao vanerão dos gaúchos.” (Wikipédia, enciclopédia virtual).
A habaneira é “um estilo musical e de dança cubana do século 19 . . . . É de tempo lento à moderado e em métrica dupla . . . . com uma figura característica: colcheia pontuada, semi-colcheia e duas colcheias” (The New Harvard . . ., p. 361). "A musica consiste . . . .de . . . .duas partes . . .; a segunda . . . . è em tom maior se a primeira for em tom menor.” (The New Grove . . ., Vol. 8, p. 8).




O Schottische é uma dança de par, com sua origem na região de Boêmia, império Austro-Húngaro. Foi muito popular nos salões da época vitoriana, e parte da dança folclórica “craze” É considerado pelo Oxford Companion to Music um tipo de polca mais lenta. Para além de seu nome não há uma relação direta com a Escócia, na verdade o nome schottisch é oriundo da Alemanha.
“Foi introduzida no Brasil em 1851” (Schreiner, 1993, p.86). “O schottisch Boêmio, ou polca treblante, foi um tipo em particular de polca introduzido em Paris nos anos 1840.” (The New Grove Dictionary of Music and Musicians, 1984, Vol. 16, p. 736).
No Brasil, propiciou o desenvolvimento do xote, em especial na região nordeste.




Segundo o pesquisador José Ramos Tinhorão, o tango ou tanguinho é uma adaptação da habanera, introduzida no Brasil pelas Companhias de Teatro Musicado europeu no século passado, à qual se incorporaram elementos das duas músicas de dança de maior popularidade na época - a schottisch e a polca - já estudadas anteriormente. Dessa fusão de gêneros de música do teatro ligeiro e de danças estrangeiras em processo de abrasileiramento teria surgido o tipo de música de andamento rápido que acabaria numa forma tipicamente instrumental sob o nome de tango brasileiro.O nome tango brasileiro teria sido criado por Henrique Alves de Mesquita (1830-1906) em 1871 ao lançar a composição de sua autoria intitulada Olhos matadores, acompanhada da indicação "tango brasileiro". Entretanto, foi Ernesto Nazareth (1863-1934), um dos maiores cultores do tango brasileiro, que deu ritmos novos e harmonias fulgurantes a esse gênero de música, tornando-o imortal entre os apreciadores da boa música brasileira. Segundo Marisa Lira, o traço de originalidade das músicas de Ernesto Nazareth é tão forte que ninguém conseguiu imitá-lo e mesmo depois de seus tangos terem alcançado a máxima popularidade, não envelheceram. Além de Nazareth dois outros nomes concorreram para dar maior realce ao tango brasileiro: Chiquinha Gonzaga (1847-1935) e Marcelo Tupinambá (1892-1953). Cada um desses compositores imprimiu, de modo diferente, um novo encanto a esse gênero musical.



A Valsa é um gênero musical e de dança que possui compasso ternario ou binário composto (6/8).

“Durante meados do século XVIII, a allemande, muito popular em França, já antecipava, em alguns aspectos, a valsa. Carl Maria von Weber, com as suas Douze Allemandes, e, mais especificamente com o Convite à dança (também conhecido por Convite à valsa), de 1820, pode ser considerado o pai do gênero. A palavra tem origem no verbo alemão Walzen, que significa "girar" ou "deslizar".
“A valsa chegou ao Brasil com a chegada da corte portuguesa ao país, em 1808. A música foi apresentada em salões onde a elite do Rio de Janeiro dançava. Ao longo da segunda metade do século XIX ela continuou a ter grande aceitação e foi, nas palavras do estudioso José Ramos Tinhorão, "um dos únicos espaços públicos de aproximação que a época oferecia a namorados e amantes". (Wikipédia, enciclopédia virtual)
“A popularidade da valsa pela Europa foi um novo ímpeto em meados do século 19 . . . . As primeiras valsas geralmente eram constituidas de duas partes repetidas com oito compassos" (The New Harvard . . ., p. 931).

Polca, dança e gênero musical de compasso binário. Surgiu em meados do século XIX na Tchecoslováquia também na região da Boêmia no início do século XIX, e foi difundida posteriormente por toda a Europa e parte da América. 


Polca, dança popular da Boêmia (parta do antigo Império Austro-Húngaro integrada à Tchecoslováquia), introduzida nos salões europeus da era pós-napoleônica com o atrativo da aproximação física dos dançarinos, ao prever duas possibilidades de evolução do par enlaçado: rodeando (um giro após seis passos, com meio giro no terceiro, e outro depois dos três últimos), ou, mais animadamente, com rápidos pulinhos nas pontas dos pés. Tudo dentro de um compasso binário simples, de movimento em allegretto, cujo ritmo à base de colcheias e semicolcheias, com breves pausas regulares no fim do compasso, permitia aos pares as novas possibilidades de aproximação dos corpos que viria a chamar popularmente de dançar agarrado.
Interpretada pela primeira vez no Brasil na noite de 3 de julho de 1845 no palco do Teatro São Pedro, no Rio de Janeiro, pelas duplas de atores Felipe e Carolina Cotton e Da Vecchi e Farina – segundo pesquisa de Vicente de Paula Araújo em jornais da época – a polca espalhou-se pelos salões de todo o país como uma espécie de febre que explicaria, inclusive, a criação em 1846 de uma Sociedade Constante Polca na côrte carioca. Cultivada por compositores de teatro musicado e amadores componentes de grupos de choro, a polca acabaria por fundir-se com outros gêneros locais de música popular desde a virada dos séculos XIX/XX, para chegar à era dos discos mecânicos. E isso demonstrado pelo levantamento de centenas de gravações, entre 1902 e 1927, de polcas dobrado, galope, fado, fadinho, lundu, tango e, ainda em criações originais tipo polca militar e polca carnavalesca.
A polca foi revivida após a década de 1930 em composições eventuais agora sob as firmas de polca-choro, polca-maxixe, polca-baião e até numa curiosa experiência de polca-canção. E mais ainda recentemente, alcançaria a glória de receber, em 1950, notícia histórica posta em música, com seu ritmo, na composição de Luís Peixoto e José Maria de Abreu E Tome Polca, gravada pela cantora Marlene.




A mazurca é uma dança de origem polaca, feita por pares formando figuras e desenhos diferentes, em compasso de ¾ e tempo vivo. Tem por característica o ritmo pontuado, e o acento no 2º e 3º tempo do compasso. A mazurca é semelhante à oberca, que é uma variante muito rápida. A mazurca era frequentemente utilizada pelos compositores da Polónia da era romântica, como Chopin, Moniuszko ou Wieniawski.




Ragtime (também ragged-time) é um gênero musical norte-americano que teve seu pico de popularidade entre os anos 1897 e 1918. Tal gênero tem tido vários períodos de renascimento, ainda hoje são produzidas composições. O ritmo foi o primeiro gênero musical autentico norte-americano, superando o jazz. Começou como música de dança com cunho mais popular, anos antes de ser publicado como partitura popular para piano. Sendo uma modificação da marcha foi primeiramente escrita na tempos 2/4 ou 4/4 com uma predominância da left hand pattern de notas graves em batidas com tempos diferentes e acordes em números de batidas pares, acompanhando uma melodia sincopada na mão direita. Uma composição nesse estilo é chamada de "rag". Uma rag escrita em 3/4 é uma "valsa ragtime".
Ragtime não é um "tempo" (métrica no mesmo sentido que a métrica marcial é 2/4 e a valsa com métrica 3/4). No entanto, é um gênero musical que usa um efeito que pode ser aplicado à qualquer métrica. A característica que define a música ragtime é um tipo específico de sincopação na qual os acentos melódicos ocorrem entre as batidas métricas. Isso resulta em uma melodia que parece evitar algumas batidas na métrica do acompanhamento, através da ênfase de notas que tanto antecipam ou seguem a batida. A última e (intencional) efeito no ouvinte é de fato acentuar a batida, sendo assim induzindo o ouvinte a vibrar com a música.





O maxixe, originado de procedimentos empregados pelos músicos de grupos de choro e bandas de coretos do Rio de Janeiro desde a década de 1860, o futuro gênero de música popular chamado de maxixe ia surgir a partir de 1880 acompanhando a maneira exageradamente requebrada de dançar tal tipo de execução, principalmente de polca-tango. Isso poderia ser comprovado quando, a 17 de abril de 1883, na cena cômica intitulada Aí, Caradura!, o ator Vasques mostrava um carioca, em cuja casa se realizava um baile, a incitar seu convidado caradura (hoje cara de pau) a demonstrar suas habilidades de dançarino dizendo: "Vamos, seu Manduca, não me seja mole: eu quero ver isso de maxixe!" O que realmente acontecia obedecendo a seguinte rubrica do texto: "A orquestra executa uma polca-tango, e ele depois de dançar algum tempo, grita entusiasmado: – Aí caradura!". Ao que acrescentava a indicação: "(Canta: No maxixe requebrado/ Nada perde o maganão!/ Ou aperta a pobre moça/ Ou lhe arruma um beliscão!)".
Foi, pois, o estilo de tal forma malandra e exagerada de dançar o ritmo quebrado da polca-tango que acabaria por fazer surgir o maxixe como gênero musical autônomo, ao estruturar-se pelos fins do século XIX sua forma básica: a exageração dos baixos – inclusive pelos instrumentos de tessitura grave das bandas – conforme o acompanhamento normalmente já cheio de descaídas dos músicos de choro. Ou, como explicava no artigo Variações sobre o Maxixe o maestro Guerra-Peixe, "melodia contrapontada pela baixaria, passagens melódicas à guisa de contraponto ou variações e, em alguns casos, baixaria tomando importância capital".

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